domingo, 23 de dezembro de 2012

O meu reino por mascarpone

Quem é que deixa as compras de comida para dia 23, quem é? Este que vos bloga.



Mas nem tudo é irresponsável, eram 9:20 quando fui "alegremente" para o supermercado de lista em punho (também não eram horrores de compras, só o que eu precisava para as refeições em família) e com um album de Girl Talk nos ouvidos a comprar à velocidade da luz, se a luz for a de um fósforo trepidante.

Estava à espera do pior, gente alucinada, com falta de educação a lutar pelos últimos artigos das prateleiras. Mas nem por isso, toda a gente foi cordial, a funcionária que estava na secção dos queijos foi ao armazém em busca de mascarpone para os meus gnocchi no forno (mas não tive sorte nenhuma) e lá passeei eu alegremente para comprar ingredientes para uma lasanha de inspiração calabresa (quer dizer, diz a Nigella) salpicada de alheira vegetariana (como estão a ver, cada vez mais calabresa), umas mini almôndegas (de soja claro) que vou encher de molho de tomate e louro e uma tarte de lima em crosta de pretzel salgado e açúcar mascavado. Sim, não tem nada a ver com a época festiva mas eu de cristão não tenho nada e qualquer pessoa que ache que servir as batatas e as couves a um vegetariano na consoada é uma excelente ideia arrisca-se a ganhar um inimigo mortal.

No segundo supermercado, lá bem por trás da mozzarella, estava uma embalagem de mascarpone (a última) mesmo à minha espera para ter um pelo menos uma refeição diferente enquanto a família come o mais tradicional, em relação à tradição eu guardo-me para a lampreia de ovos e as azevias de grão.

Pensei que este ano o Natal seria mais triste, confesso que preferia passar os dois dias enroscado na cama a ver televisão à espera que o feriado passasse mas continuo a sentir-me indiferente, mais dois dias com mais trabalho do que é costume.

Sejam quais forem as vossas cores festivas, umas boas festas com os que vos são queridos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Carta à Galp ou a minha sexta-feira 14-12.


Querida Galp,

Deixem que vos agradeça o meu excelente começo de sexta-feira.

Escolherem o horário das sete da manhã para darem formação a uma nova colaboradora (menos mal, pelo menos um novo posto de trabalho) é uma emoção muito grande.

Gosto muito que coloquem que o pré-pagamento é na bomba ou na loja mas o pagamento com cartão há mais de um mês que não funciona em nenhuma das vossas bombas que visitei, segundo um funcionário vosso não é avaria é "Porque a Galp não quer.", que me delicia particularmente considerando que nem sequer ao meu afilhado de seis anos eu lhe dou esta resposta porque tenho alguma consideração por ele e nem sequer ele adquire serviços ao seu padrinho, o que faria da nossa relação um pouco mais liberal, mesmo assim a expressão "Porque a Galp não quer" não me satisfaz.

Faço formação e gestão de apoio ao cliente há 10 anos, jamais permiti que um colaborador respondesse a um cliente "porque sim" ou "porque não", afinal sem clientes o meu serviço deixa de ter necessidade de existir por inactividade.

Também gostava que me explicassem porque razão é que tenho que sair do carro, ir às vossas instalações apanhando uma molha, pagar, não receber um recibo com validade fiscal, voltar para o carro (apanho outra molha, não vos estou a culpar das condições climáticas) abastecer, voltar às vossas instalações (mais uma molha), aguardar que a pessoa que está a ser atendida termine, interromper a fila, dão-me o dito recibo e ala que me molho outra vez. Sim, eu sei que poderia só abastecer o meu veículo quando não chove mas não é por escolha minha.

Não aceito a justificação que o sistema não emite recibos sem o abastecimento efectuado, eu paguei pelo combustível, a vocês é-vos indiferente se eu sou algum tipo de lunático que se diverte a saltitar de bomba em bomba e pagar sem abastecer, ainda posso ser esse tipo de lunático desde que vos pague o dito combustível.

Dar formação a alguém numa hora de pico é de uma irresponsabilidade atroz, a pobre desgraçada olhava para mim tipo mãe do Bambi no meio de uma auto-estrada com um camião na sua direcção sem qualquer reacções, depois enganou-se (é normal, está em formação, o que não é normal é estar em formação a esta hora) e uma senhora histérica queria gasóleo e não gasolina e entrou pela loja dentro e esbracejava porque estava atrasada (viesse mais cedo bem sei) e ela ficava outra vez imóvel tal Pietà de Michelangelo a chamar a colega sénior que por sua vez tentava atender os clientes na fila enorme que estava formada e era uma festa de clientes molhados rabujentos e uma caloira que dava pena porque não acuso um colaborador em formação de incompetente mas questiono a validade pedagógica de a atirar aos lobos desta forma.

Também me disseram que não podia reclamar senão num livro de reclamações, afinal de contas estou a fazê-lo online (independentemente da validade da minha reclamação) mas vai para as pérolas que os vossos colaboradores me vão dizendo como "Porque a Galp não quer" ou "Já sabe quantos clientes reclamaram hoje do pagamento na bomba, estou pelos cabelos".

Obrigado Galp por este dia de energia positiva e um excelente fim de semana.

P.S. - Abasteci hoje cerca das 7:50 na vossa estação de serviços antes da rotunda do Oeiras Parque, se é que vos interesse minimamente onde é que isto tudo aconteceu.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

De Mãe para Filha

Colin Pantall

Sabem qual era a série que eu adorava? Gilmore Girls, gostava tanto que digo que quando tiver uma filha lhe chamo Lorelai! Infelizmente nem sempre as relações são assim tão cúmplices ou são assim tão qualquer coisa.

Ontem era dia de festejar, na realidade ia curiosíssimo ao Dafundo porque aparentemente o melhor que o Dafundo tinha para oferecer era fondue, digo era porque o Novo Altair aparentemente fechou por isso nem isso, caros leitores que residam no Dafundo queiram comentar com seja o que for que a vossa terra tem para dar ao mundo!

Acabámos num italiano em Algés onde eu finalmente experimenta la mozzarella in carrozza, que é como quem diz uma rabanada salgada com mozzarella lá dentro. Convenhamos que se é frito e tem queijo então é meio caminho andado para eu gostar muito. Gostei mais ou menos (lá está, meio caminho) porque o queijo a meio estava frio e aparentemente não é assim que fica. Cheira-se-me que o pretendido é que seja eu a fazer, que descobri no mundo mágico das relações somos nós, mas culinariamente o nós = eu com algumas excepções.

Atrás de nós estava uma mãe com a sua filhota de sete ou oito anos, a mãe com pretensão social a tiazorra cujo eventual deslize comprovava que apenas tinha algum dinheiro e muita faltinha de chá. Em primeiro lugar passou a noite toda a fumar, mesmo quando havia comida na mesa, mesmo com a filha sentada à frente e isto meus caros vem de um ex-fumador, criado por fumadores, há limites.

O que mais me chocou, no meio da história toda (quer dizer, tirando o facto de que o meu queijo estava frio) foi o facto de que durante todo o jantar enquanto ela fumava e comia passou o tempo todo a falar ao telemóvel numa grande conversa da treta onde descobri que uma amiga dela, de nome &%$#"#$ anda com um homem casado mas como ele lhe vai pagando umas coisas até vale a pena manter, que o marido está fora, fala com a mulher ao telefone mas não pede para falar com a filha, liga para a amiga que atende o telefone alegremente e as duas discutem o trânsito e o tempo e a miúda lá estava com um ar de que aquilo era perfeitamente habitual, não percebi, se era para  levar a miúda a comer uma pizza (que era decente, vá) então que ficasse em casa e pedisse uma pizza para entrega assimcumássim a criança ainda tinha com que se entreter e não só isso como o volume da conversa era incómodo porque ouvíamos tudo, graças aos deuses que eu sou multi-task e meti a frequência da senhora no mesmo alinhamento auricular que as versões de flautas de pã do "Fly Me to the Moon" que se ouvem nos elevadores. Quer dizer, excepto quando ela discutia com a amiga as vantagens de uma relação extra-conjugal em frente à filha que foi a crème de la crème, soube-me melhor do que uma tentativa arraçada de tiramisu que me serviram a seguir. Se olharmos pelo prisma positivo, quando a filha se meter com um homem casado, ao menos um que lhe pague jantares e fins de semana em hotéis.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Este ano não me sinto Grinch, mas também não me sinto nada, um Natal Melhoral

Desde Outubro que já deito o Natal pelos olhos, lembro-me que em criança aquele período entre 8 de Dezembro e 6 de Janeiro era único, antecipava as férias, o decorar da casa, o ver os presentes à volta da árvore, agora?

Agora temos a grande Hécate que me ajuda a decorar a árvore (ou pelo menos a tirar as coisas das caixas) e um dever que me assiste de prolongar um ritual que cada vez mais se marca pelas ausências. Se me dissessem, quando eu tinha oito anos que o Natal ia ser assim tinha pensado que eram doidos mas é dever das crianças não acreditarem nas certezas dos adultos.

Apetecia-me ter um comando com flash forward para o passar em frente ou que me deixassem passar o dia na cama a ver algo ridiculamente televisivo e vazio numa festa que pouco encanto me traz.

E não venham com "Bah, não sejas Grinch.", não sou de todo, é-me indiferente e uso-o como uma desculpa para cozinhar qualquer coisa que não costumo fazer e comer lampreia de ovos ou Pandoro (sim porque o Pannetone não me assiste), provavelmente vou ver o Gone With the Wind outra vez e na quarta vou trabalhar, e penso que só faltarão três dias para ir de férias.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Diz-me estimação meu, há alguém mais ingénuo do que eu?

icanhascheezburger.com

Se há algo inerente à condição de ser português é o piquinho a má língua que faz de nós gente lusitana. Se o ditado "Se não tens nada de bom p'ra dizer então senta-te ao pé de mim." pertence à personagem da Olympia Dukakis no "Flores de Aço" eu confesso que o assumo completamente e não pensem que é algo que faço por desporto, nem por isso, é muito ao género de tapetes de arraiolos que precisam de um certo
ambiente como a companhia de amigos e talvez uma fondue de queijo cuja aguardente da Floresta Negra quase fez de mim um lança chamas humano.

Nas redes sociais vemos muitas vezes alguém colocar uma imagem em que afirma que fala com animais e ainda que eu não ponha o dito póster confesso que tenho conversas unilaterais com Hécate, a minha senhora da Lua Negra, mas não espero grandes dissertações da parte dela. Verdade seja dita, não espero grandes dissertações da minha parte mas ainda consigo perceber as suas pretensões, mia quando quer comida, mia quando quer atenção, mia/rosna quando faço a cama e ela quer ficar aninhada no edredão e vivemos pacificamente.

No entanto há sempre alguém bem mais à frente, alguém cuja identidade deixamos no éter porque eu ainda tenho algum pudor, algum...
Quando alguém adopta gatos levanta-se sempre a questão da castração, mas nunca teria pensado que os gatos seriam os consultados, ainda que sejam eles as partes interessadas! Pois que descobri que existe (pelo menos) uma médium que pela módica quantia de €70 nos põe de imediato a comunicar com o estimação.

Mas antes que possam já começar a dizer que tudo isto é um embuste, leiam até ao fim e digam de vossa justiça.

Pois que, Arrabécia (elas são sempre Arrabécias) marcou uma consulta com tal pessoa que tem a faringe para além da faringe e foi alegremente saber qual a justiça dos gatos. Claro que, pensam vocês assim como pensei eu, ela levou os gatos com ela mas aparentemente a senhora é telepata e então fez ligação ao à mente colectiva dos felis cati e começou a falar por eles.

Segundo a médium, cuja voz se distorceu numa versão Walt Disney (I swear I'm not making this shit up) reassegurou a estremosa dona que sim, os gatos eram felizes e que sim achavam bem ser castrados e e que estavam de acordo (de certeza que os animais perceberam o que é ser castrado?) e então que tudo está bem quando acaba bem.

Finda o link telepático (ou o hélio que a médium aspirou para distorcer a voz)  e a dona voltou para casa descansada e ciente que não tinha sido enganada! até porque a médium sabia de coisas que os gatos faziam que só a dona sabia. Espero, pelo bem da carteira da dona, que a médium lhe tenha dito que os gatos cantam a La Traviatta de uma ponta à outra  sem sair do tom ou que pintam a óleo, caso contrário: correr, dormir, comer, arranhar, amuar e miar são coisas que todos eles fazem.

Honestamente... realmente estou na profissão errada, quem é que ensina a falar telepaticamente com os animais e quanto é que custa? É porque €70 por consulta considero que vou conseguir fazer um dinheirão, melhor alio-me a um detective privado e toca de descobrir os podres de toda a gente através dos animais... e daí... há coisas que é melhor nem saber.

sábado, 10 de novembro de 2012

Olá, como estás?

Esta noite sonhei contigo, estávamos os dois a ver uma casa nova para ti em Paço d'Arcos, achei piada pelo sítio mas fiquei tão contente em ver-te, estás igual ao que guardo na minha memória, com o teu cabelo comprido e o som do teu riso que agora já me consigo recordar, não me lembro do que falámos mas senti-te bem, senti-te em paz e voltei às nossas conversas em que eu estava no cadeirão forrado a veludo e tu sentada na cama à meia luz a fumar um cigarro.

"Temos que decidir uma palavra passe", dizias tu, "para saberes que sou que estou a falar contigo" e eu adiei tanto por um estado de negação como se a aceitação fosse uma sentença acabámos por não decidir. Por um lado ainda bem, um dos meus defeitos é ser preguiçoso, talvez tenha que me esforçar por perceber qual a palavra chave e por outro sentir que a maior parte do tempo que passámos juntos foi sem a sombra da passagem sob as nossas cabeças, porque digam o que disserem pelo menos não nos entregámos ao desespero da perda.

Não vou mentir, fazes-me falta, sinto saudades de te telefonar e contar as minhas desventuras e ter-te como o equilíbrio da balança. Mas é só o egoísmo humano de se fixar nas experiências sensoriais, mas saber que estás bem e que continuas comigo é um passo em frente na minha aceitação que perdi a minha irmã e a Deusa ganhou mais uma guardiã.

Amo-te sempre e vem visitar-me mais vezes.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Au revoir Rintintin

Estávamos no Natal de 2006, no dia de Natal mais precisamente quando o meu portátil Toshiba morreu e deixou-me completamente sozinho naquele que talvez tenha sido o pior das últimas duas décadas, numa altura em que tudo o que não podia piorar fez queda a pique e deixou-me desligado do mundo e sem saber muito bem o que fazer a seguir.

Ajudado pelo calor da amizade, tudo acabou por se resolver, com um desktop (na altura) novíssimo montado pelo meus queridos M. e o Z. que fizeram questão de o tornar no melhor computador EVER!

No entanto, seis anos depois coitadinho já não se aguenta, demora séculos  a abrir seja o que for, faz reboot e arruina os meus posts e depois de muito ponderar lá o substituí ontem.

Mas agora que contemplo aquela trabalheira maravilhosa que é comprar um disco externo para me preparar e fazer a mudança dos dados de um computador para o outro. Chamem-me sentimentalóide mas ainda que o novo possa fazer tudo o que o outro fazia com uma perna, não deixo de sentir uma certa melancolia por um aparelho que foi uma testemunha silenciosa de uma série de eventos, relações, ralações, alegrias, tristezas, projectos, traduções, blogaria, a Miga...

Só espero que o seu sucessor tenha tanto para contar como este...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Olá Sabat Mabon do Ano.



Este Verão fui rebelde e não tirei qualquer período de férias durante os meses de Julho, Agosto e Setembro. Na altura pareceu-me uma excelente ideia, quando os senti na pele senti-me profundamente estúpido.

Verdade seja dita, falta-me toda e qualquer capacidade para planeamento de férias e por isso resta-me esperar que o estrago no ano seguinte não seja tão mau. Mas, já me cheira a férias, vou celebrar o casamento de uma grande amiga para lá do Canal da Mancha e honra-me que ela me tenha convidado.

Os tachos andam em baixo, a minha última grande investida foi um brunch chez moi onde me lancei numa série de receitas nunca antes feitas, descobri que gosto de granola (se for eu a fazê-la), tarte de nozes pecãs é boa mas com chocolate ainda é melhor e o segredo por trás de ovos mexidos cremosos (natas, que não é grande surpresa, as natas resolvem tudo) que receava serem o meu calcanhar de Aquiles culinário, sim numa refeição de cerca de sete pratos diferentes, o meu receio era que não gostassem dos meus ovos mexidos, qualquer parecença com sanidade mental é mera coincidência.

Aproveitei a Lua Azul para fazer Limoncello caseiro, com limões de cultura biólogica oferecidos por uma amiga e muita paciência a descascar limões, na altura a reacção foi "Mas isso compra-se no supermercado.", recentemente disseram-me "Vê lá, que tu és todo pancoso com as luas, olha que aquilo vai acabar!", aparentemente fez sucesso.

Descobri recentemente, quando questionado, que o meu prato preferido é lasanha de espinafres e ricotta e aqui não estou a ser irónico mas é imediatamente aquilo que eu respondo quando me convidam (e porque sou vegetariano) e perguntam qual o meu prato preferido. Na realidade, o meu prato preferido é uma boa pasta, com azeite e alho polvilhada de parmesão mas as pessoas ficariam certamente muito surpresas quando digo que ficaria satisfeito com uma refeição assim, à semelhança de quando me perguntam o que é que eu gosto de beber e eu respondo "Água", talvez o meu discurso crie uma falsa imagem de sofisticação que no que diz respeito à comida é francamente inexistente. Isto não quer dizer que eu não goste de requinte culinário, mas em retrospectiva acho que seria daquelas coisas que não seria constrangedor se tivesse que abdicar.

Hoje esperam-me experiências numa lasanha calabresa versão vegetariana, quando li lasanha e ovos cozidos na mesma receita bati palminhas (mentalmente, senão creio que aquela aparência de sanidade ia mesmo por água abaixo) e meti na minha to-do list de hoje.

Em breve, vemos se a lasanha calabresa destrona a minha primeira "criação" (cough cough) de espinafres.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Estuque de manhã, caso contrário perguntam-me se morri e ninguém me disse nada.


Não um regresso à blogaria, mas um post para uma comunidade de beleza online onde no outro dia se discutia o que usar no Verão em termos de maquilhagem.

Ah Verão, como adoro o teu calor na minha pele com tendência oleosa (se o sarcasmo ainda não se nota, perdoem-me mas não dormi nada) e o difícil que é manter alguma coisa natural durante o dia sem derreter.

Não obstante, eu não posso dar-me por insatisfeito no que diz respeito à minha rotina diária, sim produtos novos são um vício e sim nunca estamos satisfeitos com os resultados obtidos mas considerando que se mantém inalterável desde Fevereiro/Março é um feito épico até porque sendo fiel na minha vida emocional sou completamente promíscuo no que diz respeito à cosmética.

Vamos saltar o prep & priming, até porque as minhas rotinas podem sempre dar para outro post e a aplicação destes produtos é sempre feita em pele perfeitamente hidratada com alguns minutos de intervalo (pelo menos cinco, eu tento) para melhores resultados.

Eu sofro com alergias que deixam sempre umas olheiras aterrorizantes que para ajudar à minha tez de lula com anemia deixam-me com um ar doente e pouco repousado se não as corrigir, para neutralizar a coloração escura da olheira eu uso O Giorgio Armani Master Corrector em #1 Pink, que parece super garrido na embalagem mas que se funde com a pele tem partículas foto-reflectoras que ajudam a manter a zona iluminada, aplico-o com o pincel da embalagem e esbato-o directamente na olheira e zona mais escura da pálpebra móvel com cuidado para manter o produto apenas na área de cor diferente.



Em seguida passo para a pele, estou a usar o Pure Radiant Tinted Moisturizer da NARS em Finland, se no que diz respeito a bases eu sou o homem do pincel, abro uma excepção para hidratantes com cor que se fundem bem melhor com a pele quando aplicados com os dedos, aproveitando o calor para unir o pigmento do produto à nossa pele, aplico-o do centro do rosto para fora insistindo um pouco mais no nariz que volta e meia me prega partidas.

Voltando aos correctores de olheiras, sim porque eu nunca me fico só por um, aplico o The Radiant Concealer da La Mer em Light apenas no canto interno do olho, sob a sobrancelha e na zona da olheira na fronteira entre a descoloração sem intensificar muito para não ficar com ar de panda ao contrário, aplico-o com o pincel #318 Retractable Lip Brush da M•A•C.

Estamos quase no fim, o meu blush de eleição é o Orgasm da NARS, ultimamente tenho-o usado na sua versão Multiple (em stick) aplicando-o directamente nas maçãs do rosto a partir do tubo e esbatendo com os dedos.

Para finalizar, aplico o Prep + Prime Transparent Finishing Powder/Pressed da M•A•C com o pincel #129 da mesma marca, evitando a zona onde apliquei o Orgasm para não perder o acabamento do produto.

Isto geralmente dura o dia todo sem grandes problemas, mantém sempre um ar perfeitamente natural e só necessito de reaplicar se o dia se prolongar até às altas horas da noite.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

As boazinhas

Ora apetecia-me eu comer qualquer coisa depois de um regresso ao trabalho extenuante (leia-se, passei o dia cheio de sono e andei a arrastar-me e a entupir-me de comprimidos para a dor de cabeça) apeteceu-me chegar a casa e comer um petisco, ala que se faz tarde e fui alegremente ao supermercado, apeteciam-me boazinhas, assim daquelas de comer e chorar por mais, não havia (coisa estranha) e acabei por comprar uma lata de grão que pûs a assar. O grão, não a lata, note-se.

Piadas secas àparte, boazinhas já todos ouvimos falar, sim porque geralmente ouvimos falar, a boazinha é a ingenue do boca-em-boca porque ninguém é assim tão ingénuo e já dizia uma pessoa que eu conheço, a culpa nunca morre solteira.

Ora estava eu em casa (já com o grão no forno) e porque os deuses dão aos seus filhos o que eles querem para os castigar, tocava o meu telefone de alguém que me liga não para perguntar se eu estou bem, se preciso de alguma coisa ou então para dizer que tinha saudades de falar comigo, claro está ligou para pedir uma coisa e claro está, para me dar uma boazinha.

A conversa parecia tirada de uma telenovela circa early nineties "Olha, eu não sabia que se podiam enviar mensagens anónimas pelo telemóvel!", na minha cabeça começou logo a tocar a faixa do "Ah não, todas as pitas e mais algumas sabem fazer isso, mas pronto vá!" e depois passou alegremente para me contar a vida de uma pessoa que eu nunca vi mais gorda e que não sei até que ponto é que gostaria de ter a sua vida partilhada comigo (não fosse ela parar aqui) mas carga nisso, "ah e tal, é uma miúda, super boa miúda", e eu pensei "Hmmmm, boazinha, há tanto tempo, como é que ele sabia?" e continuou para o "Ela quis ajudá-lo, porque é boa miúda", e sim claro que é boa miúda senão não seria uma boazinha e não estaria neste momento a escrever isto "e ele é um desiquilibrado", e depois eu pensei "Mas porque é que as boazinha se metem sempre com estes fulanos?", mas não ficou por aqui porque como eu não estava suficientemente impressionado com o teor da história passou de desiquilibrado para "louco, atrasado, pé rapado, não tem nada", embora cá para mim eu pensasse "Bem, tem dinheiro para telemóvel, para o carregar de forma a poder enviar mensagens" e isto continua sempre com enormes colheradas de "miúda incrível, só queria ajudar, depois claro deu-lhe para trás" e se eu fizesse uma lista da história do início ao fim tinha acabado com pelo menos duas protagonistas (uma assim-assim, outra mais boazinha) e pelo menos três vilões.

A sério, alguém conhece assim uma que seja tão boazinha? Mesmo? Ou preciso de usar este adjectivo para justificar a estupidez de alguém que conhecem?

sábado, 16 de junho de 2012

Vamos cortar o cabelo

Quando eu decidi deixar crescer o cabelo convenceste-me a mudar de cabeleireiro, "o cabelo comprido dá muito mais trabalho, tem que estar sempre bem cortado", de dois em dois meses lá íamos, tu aproveitavas e cortavas umas pontas, havia sempre direito a dois dedos de conversa com as cabeleireiras e eu nunca aprendi a conduzir até lá sozinho, parecia anedótico mas até eu com o meu terrível sentido de orientação em tantos anos podia ter aprendido, mas era a nossa ida ao cabeleireiro que ambos detestávamos e que ambos sempre insistíamos em não nos secarem o cabelo com secador. Tu é que me desabituaste daquele vício horrendo que era lavar o cabelo todos os dias. Tu é que desabituaste de passar o tempo com o cabelo amarrado.

Quando ao fim de sete anos de cabelo comprido eu decidi cortar drasticamente, tu estavas lá comigo e escolhemos o corte juntos e toda a gente adorou.

Desde Fevereiro que não corto o cabelo, desde Abril que digo que tenho que o cortar e nunca mais o cortei.

Na terça-feira tinha escolhido um cabeleireiro novo, tinha marcado para as 17:30. Ao fim de quinze minutos à espera descobri que o stylist tinha a mãe no hospital e tinha saído a correr, respirei fundo e fui-me embora, entrei noutro, disseram-me que já não me conseguiam cortar o cabelo naquele dia, que tal na quinta-feira? Eu respondi não, fui tão seco que tenho a certeza que quem me ouvisse pela primeira vez acharia que eu era incrivelmente mal-educado.

Comi um gelado de duas bolas, pistachio e tarte de limão merengada, a tarte que me ensinaste a fazer ainda que eu tenha alterado a receita, apaixonei-me por aquela tarte porque ma fizeste.pela primeira vez, hoje toda a gente come a que eu faço com paixão e delira e eu partilho a história da cozinheira francesa de quem conseguiste a receita, um pouco de cada vez a vê-la às escondidas até que a Noemie gritava "Sortez de ma cuisine, fils de pute!" que a torna cada vez mais mágica.

A minha tarte de maçã nunca mais a voltei a fazer, tu eras a sua fã número um...

Voltei para casa, amuado e chorei porque nunca mais vens comigo cortar o cabelo, nunca mais me vais ajudar a escolher um corte, nunca mais me vais dar na cabeça porque já devia ter ido cortar as pontas, ou devia ter começado a tomar as vitaminas na Primavera, dei-te as minhas porque me esquecia sempre e tu adoravas o teu cabelo, nunca as conseguiste começar a tomar.

Dizem-me que o tempo tudo ajuda a superar, digo-me todos os dias que parte de ti está sempre comigo, mas todos os dias me lembro que perdi a minha irmã.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Entrevista de Verão, sem desafios

Num mundo mágico do Canal Panda onde os memes de internet são partilhados livremente, um jornalista que não existe quis perceber porque é que eu não sou um amante do verão.

J: O verão sempre foi uma altura mágica para as crianças, como era o verão na tua infância?
E: Na realidade eu do verão gostava apenas porque estava de férias. Era dividido entre a praia e Vila Nova de Cerveira, a terra dos meus avós paternos onde eu passava enormes secas e tinha que vir artilhado de distracções como bandas desenhadas, um vídeo e mais tarde a consola Megadrive. Recordo com carinho a minha ida a Paris com oito anos com o meu irmão de 17 mas que gostei porque não envolvia nem praia nem campo.

J: Se o verão fosse uma cor, qual seria?
E: As mesmas cores que me rodeiam sempre, o preto, o encarnado e o branco que são as minhas cores de eleição.

J: E o que é que nunca pode faltar?
E: Ar condicionado, especialmente porque raramente tiro férias no verão e trabalhar sem uma temperatura controlada levar-me-ia à loucura.

J: De forma sucinta, já que não és amante do verão, o que é que não suportas?
E: Em primeiro lugar, as interrupções nas minhas séries de televisão, sou um consumidor voraz de ficção televisiva e ainda que duas ou três séries que eu gosto sejam no verão como True Blood ou Drop Dead Diva, tudo o resto fica em hiato e sinto-me como um viciado a ressacar. Também detesto o calor, mas isso é mais do que óbvio.

J: Há algum segredo de verão que queiras revelar?
E: Relevante? Nem por isso, mas posso confessar que quando vou uma ou outra vez à praia até gosto mas raramente admito.

J: Qual é o calçado preferido do verão?
E: Os meus queridos sapatos pretos e clássicos, não gosto de sandálias, alpercatas e ténis só uso uma vez numa lua azul.

J: No Verão o que é que usas para saciar a tua sede?
E: O mesmo que no resto do ano, adoro água, sempre natural e sempre em doses abundantes. Mas uma sangria de champanhe com frutos vermelhos é excelente para partilhar com os amigos.

J: Quais as melhores festas, arraiais ou festivais de verão?
E: Não sei, temos que perguntar a alguém que vá a festas, arraiais ou festivais.

J: Qual é a tua dica para o cabelo perfeito de verão?
E: Lavá-lo. *risos* O mais provável é usar algo que eu possa apenas meter um pouco de espuma, passar com os dedos e seguir.

J: O que fazes numa manhã de verão?
E: Levanto-me, bebo o meu café com leite, demoro tempos infinitos a arranjar-me e vou trabalhar enquanto rogo pragas ao calor.

J: E nas tardes?
E: As tardes para mim no verão começam por volta das seis e meia, antes disso (e pressupondo que não estou a trabalhar) não combinem nada comigo, vou sempre arranjar uma desculpa maravilhosa para fazermos o mesmo mas mais tarde, gosto das esplanadas regadas de muita conversa.

J: E as noites?
E: Continuo alegremente a rogar pragas ao calor que não me deixa dormir e me irritar profundamente.

J: O que mais gostas de comer no verão?
E: Quando não é no verão é em todas as outras estações, adoro gelados, sejam tradicionais ou industriais adoro comer gelados desde que não sejam de chocolate que é sempre o último sabor do vento na arte da gelataria.

J: Há pouco confessavas que até não odiavas a praia assim tanto, qual a praia de eleição?
E: Nego tudo, mas numa remota hipótese confessaria que gosto das praias de Tróia.

J: E a tua toalha de praia?
E: Por norma é emprestada.

J: E o fato de banho, também é emprestado?
E: Não, esse é Calvino Klein e rosa choque que a grande maioria das pessoas acha que não existe mas que na realidade é a única cor que fica bem com o meu ar pálido e depois quando sou beijado pelo sol (a contragosto, porque amo a minha palidez) continua a ficar bem.

J: Já suspeito que não foram na praia, mas quais foram as tuas melhores férias de verão?
E: Não foram na praia, mas foram perto da praia, em San Diego na Califórnia onde fui assumir-me como um grande geek na Comicon, foi um sonho concretizado e onde guardo muitas memórias.

J: E esses amores de verão?
E: Agradeço como se aceitasse, mas nunca tive um grande amor de verão, os meus amores sempre percorreram as estacões todas.

J: E como passarias um dia no campo no verão?
E: Provavelmente com algo tecnológico que me fizesse abstrair de ser verão e de eu estar no campo.

J: Quais são as tuas leituras de verão?
E: São várias, agora estou a ler o "The Buddha in the Attic" da Julie Otsuka mas leio sempre o mais recente capítulo nas aventuras do Harry Dresden que é escrito pelo Jim Butcher e sai sempre no verão.

J: Tens algo estranho que tenhas visto num dia de verão?
E: Até tenho mais do que uma, mas a mais interessante foi uma mulher do Texas que estava no mesmo hotel que eu em Washington e primeiro começámos por manifestar o nosso desagrado por sermos tratados como leprosos porque fumávamos e acabámos a trocar receitas de pound cake. Ela loiríssima, com baton laranja e eu de cabelo comprido e eyeliner, parecíamos dois universos opostos a entrar em colisão. Foi estranho certamente para quem nos viu.

J: O verão para ti cheira a quê?
E: O verão para mim cheira sempre a Beyond Paradise da Estée Lauder, é o meu perfume de verão de eleição ou então XVIII La Lune de D&G.

J: E um som do verão?
E: As cigarras, de noite, que nunca me deixavam dormir quando ia para a terra dos meus avós.

J: Há pouco quando te perguntei pela comida no verão, julguei que ias responder com algum tipo de fruta. Há alguma que ames nesta altura?
E: Sim, a manga, sempre a manga, sumarenta e deliciosa ou o tomate comido como se fosse uma maçã.

J: Qual a escolha para óculos de sol?
E: São vintage (velhos em trendy) e Cartier mas estou sempre a esquecer-me deles em casa.

J: E uma sombra no verão?
E: Huh?! Não percebi.

J: Estamos a chegar ao fim, e uma paisagem no verão?
E: Eu sou um bicho da selva urbana, NYC ao entardecer, conheci-a no verão e hei-de sempre lembrar-me dela assim, no verão. Ainda que a prefira no inverno.

J: Tens alguma palavra que defina o verão ou este desafio?
E: O verão? Laguna, é o nome da cor do meu bronzer que uso esporadicamente. Este desafio fez lembrar as perguntas e respostas de um daqueles programas de início de tarde de fim-de-semana .

sábado, 9 de junho de 2012

Is it weird that I hate Summer?



Os acontecimentos das últimas semanas fizeram com que a minha vontade de escrever fosse pouca (ou nenhuma) e antes de mais este post (cheira-me) é uma tentativa de voltar a escrever sobre coisa nenhuma numa tentativa de trazer a minha normalidade à tona para ver se não se afoga.

Há milhares de memes na internet com perguntas e afins (eu comecei um dos Sete Pecados da Beleza onde neste momento me estou a dedicar à preguiça) e na grande maioria das vezes, as pessoas encontram um que lhes serve como forma de desenferrujar a escrita e colocam nos seus blogues, alguns são vistos de uma forma mais séria como "Daring Bakers" ou "Baked Sunday Mornings" que implicam fazer alguma receita e publicar num dia específico, nunca me juntei a essas grupos porque... sou preguiçoso mas sigo-os e admiro a sua disciplina.

Há um que ainda pela blogaria portuguesa chamado "As Amantes do Verão" que para já eu aplaudo por seguir a filosofia da MAC (All Races, All Ages, All Sexes)... hmm, espera... "as"... crap. Aplaudo pela descriminação de género porque é preciso tê-los no sítio para excluir assumidamente (embora, as autoras não tenham nada fisicamente no sítio, por favor não me processem por calúnia, obrigado, não esperem, não quer dizer que não estejam em forma, apenas sublinho que tê-los se refere a genitália masculina... crap) mas juntam-se às hostes de blogues de tachos que começam os posts por "olá meninas" que não só aprecio por infantilizar o seu público como automaticamente me trocam o sexo, mas adiante: Este desafio tinha ao que me quis parecer regras específicas para inscrição e regras de publicação e eis que, algures alguém no mundo mágico da internet, não se inscreveu a tempo e horas e se assumiu como uma participante. Sim, verdade há gente mesquinha e má para tudo, para pegar em trinta perguntas e publicar, isto só mostra que a internet está cheia de gentinha cujo o único prazer é destruir os projectos dos outros... desculpem, eu deixei o botão do sarcasmo ligado.

Seguiu-se um acto tipicamente trollesco e internético em que uma das criadoras do desafio deixou em todos os posts da Cruella DeVille, perdão da autora não inscrita, com uma mensagem seca a dizer-lhe que não só ela não estava oficialmente inscrita como pediam que fizesse um disclaimer como se uma mensagem no repeat ou algo digno de um filme de terror asiático em que a dada altura um monstro saltaria do monitor assassinando a blogger incauta que se apropriou do desafio.

E eis que vem agora o meu disclaimer:

Não conheço nenhuma das autoras (criadoras ou a pérfida não inscrita) as minhas opiniões e conclusões basearam-me no que li online nos dois blogs, portanto antes de escreverem que não sei da missa a mitade, então publiquem-na, até lá mantenho-me assim.

Não sou uma amante do Verão por deficiência de género, peço que respeitem, o sexo masculino é uma condição deveras grave.

Já agora, também não sou um amante do Verão, é estação que não me seduz, sou e sempre serei um filho do Inverno.

Não estou inscrito no desafio, a data de inscrição era até dia 27 de Maio e eu optei por ver Mob Wives e distraí-me.

Vou responder às questões do desafio num post futuro em tom de entrevista parva para ironizar o facto de que não gosto do Verão e estou mortinho por Outubro.

As perguntas do desafio e as respectivas regras vêm daqui.

Não estão em pulgas com as minhas respostas, todo eu sou uma excitação mas agora vou tomar banho que se faz tarde.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Com texto mas sem contexto

Com o fim das temporadas televisivas, temos que arranjar algo para nos entreter, eu bem tentei macramê mas confesso que a minha dislexia assola-me e aquilo mais parece algo que veio dar à costa de um naufrágio do que propriamente algo onde eu possa pendurar um vaso.

Quando temos um blog onde optamos por partilhar pequenos momentos das nossas vidas, uma das vantagens é o feedback dos nossos leitores que podem ou não ser amigos mas que daquilo que vão conhecendo ou descobrindo podem sempre opinar na (bem ou mal?!?)dita caixa de comentários.

Entramos no mundo mágico da distorção em que podemos gritar LOBO! LOBO! Fulano tal foi mau para mim! E automaticamente temos as hostes a dizer "Gentinha pá, sem nada para fazer!" ou então a minha personal favorite "É tudo uma cambada de invejosas.", mas aqui o desafio é lerem três vezes o texto e pensarem bem: "Tenho aqui todos os elementos que me permitem fazer uma avaliação imparcial?", na maioria das vezes não temos, temos um descarregar de agruras e frustrações que são tecidas de forma a mostrarem o lado do pano que mais convém e sim, no mundo fantástico do online, se eu tiver dois dedos de testa eu consigo fazer com que a opinião dos outros vá de encontro ao que eu pretendo. Mas tem sumo? Não, apenas teço e volto a compor um belo ramalhete mito-maníaco onde um grupo de desconhecidos ergue as bandeiras em prol da minha cruzada, mesmo sem saber porque razão as estão a erguer, mas erguem (resta saber se por solidariedade real ou também eles um grupo de pessoas que nos passa a mão pelo pêlo num compromisso que na próxima vez que gritarem LOBO, também nós estaremos lá para eles.

Este tipo de comportamento agradeço como se aceitasse, vejo-o como um belo embrulho que demorou horas a fazer e que depois de aberto me mostra uma embalagem completamente vazia ou então água com sabores, que não é água, não é sumo, é qualquer coisa que posso beber naquele momento mas que não me satisfaz mas é melhor que nada.

Situações há em que todo aquele entrelaçar de estórias sem história poderiam ser desmistificadas num estalar de dedos, mas já que é tudo ad captandum vulgus, esperemos que o povo não se rebele quando vislumbrar o que está sob o véu. Eu já comprei uns saquinhos de pipocas.

domingo, 6 de maio de 2012

Pretensions d'Amour

Há cerca de um ano atrás abriu o Poison d'Amour no Príncipe Real, a alusão a Marie Antoinette, a trágica rainha da moda que entre várias tendências usou nabos como adereços na cabeça, foi os suficiente para me deixar intrigado.

Até aqui tudo parece uma daquelas minhas obsessões que se culminam rapidamente e eu sigo com a minha vidinha, mas a verdade é que a minha memória de peixe dourado faz com que eu adie e depois me esqueça e lembro-me em alturas em que é completamente impossível de concretizar, como por exemplo o duche, a meio de um dia no emprego e outras situações semelhantes.

Ontem foi o dia, decidimos dar lá um salto e eu fui ver o endereço na web enquanto me arranjava, lá está que fui ter a sítios em que a blogaria manifestava a sua opinião, ou adoravam ou detestavam, não encontrei nenhuma opinião morna em relação à casa de chá e pensei "Assimcumássim pelo menos as pessoas não lhe ficam indiferentes, isso por si só já diz qualquer coisa." e lá fui alegremente para um pequeno almoço à lá française ou então um pequeno almoço no imaginário daquilo que a opinião geral acha que é francês.

O décor é kitsch dentro do razoável, tudo pintado de azul cueca que só me fazia pensar na Tartine et Chocolat quando o meu sobrinho era um bébé e eu e mamãe comprávamos outfits porque é aquela idade em que vestir as crianças é um add-on muito popular, tipo nenuco mas com o factor random ligado.

A decoração extremamente barroca mas dentro de um contrato milénio não trazia qualquer sensação de amor ou calor, muito pelo contrario, desde o momento em que entrei fiquei com a profunda sensação de que tudo era incrivelmente estéril e com pouca alma.

Os doces eram um sonho, meticulosamente criados, tirados do filme da senhora Coppola e automaticamente nos transportavam para um ambiente de sonho longe da crueldade do mundo exterior.Ainda pensámos ficar no pequeno jardim (adorável por sinal) mas como não tinha algo que nos protegesse do sol acabamos por voltar ao interior e eis que começa a verdadeira experiência.O staff é maioritariamente masculino, nos seus vinte e poucos, bonitinhos mais confesso que o meu preconceito os achou ligeiramente vazios e não, não estive a discutir Kafka com eles, mas que venha o primeiro dizer que não elabora um primeiro retrato mental com base na primeira impressão e eu ofereço-lhe a bicicleta ferrugenta na qual eu nunca aprendi a andar.

Lá chegou e deu-nos a carta com imensas escolhas mas avisou logo que só o Pétit-Dejeuner Elegance, Energie e os Fruits de Mer é que estavam disponíveis. Eu prontamente agradeci ao chefe a inexistência de uma opção vegetariana, ele manteve-se em silêncio e eu admito que fiquei desiludido, pedi uma limonada, partilhei os ovos mexidos e algumas viennoiseries do Elegance e o meu coração derreteu um pedaço, a comida estava deliciosa e eu pensei que ainda haviam pétalas nestes espinhos.

Terminámos com um doce, comi o Montmartre, uma mousse de pistache com damasco confitado sobre uma base de biscuit e aqui já não fiquei tão deslumbrado, o damasco não estava lá a fazer grande coisa e o pistache tinha pouca intensidade.

No meio disto tudo, devo salientar que o atendimento é péssimo, parece que a função mais importar é estética e não funcional, são pouco afáveis, aliás são tão desligados do cliente que parecem sempre estar a fazer um enorme frete e se o objectivo era dar um ar de elite, apenas passam por desinteressados ou mal-educados, a minha primeira impressão de um ambiente estéril e frio manteve-se sempre presente e tenho dúvidas se lá vou voltar, não pude deixar de pensar no Baked em Brooklyn, com um décor completamente oposto, um staff afável onde podiam estar dois gulosos a devorar cupcakes e ao mesmo tempo dois homens de aspecto mais rough com duas taças de cafés e brownies.Falta alma ao Poison d'Amour, prefiro a qualidade da comida à do Eric Kayser, mas eu também gosto de ser bem atendido.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Many Mãozinhas, o zombie da gelataria espanhola com nome italiano

Eu adoro gelados, qualquer ocasião é ocasião de comer um gelado e já agora porque eu sou uma caixinha de surpresas e vou-me revelando aqui a pouco e pouco (ai que foleiro, tenho que tirar depois) eu não gosto particularmente de gelado de chocolate, adoro brownies, ganache, fudge, bolo MAS gelado de chocolate... come-se (porque é gelado) e o meu sabor preferido é pistachio! Não acharam isto particularmente relevante? Não diz tudo e mais um par de botas sobre mim? Pensem bem, no vosso dia-a-dia quando comentarem um dos esporádicos posts e dizem "o Eolo", a outra pessoa responde entusiasticamente "Ah, aquele que não liga grande coisa a gelados de chocolate?" e terão horas de conversação sobre isto.

Hmm... não chega, é tipo pipoca, empty calories... (a minha grande revelação, não gelado) deixa pensar... AH AH! Já sei, eu não consigo dormir de meias por muito frio que tenha porque a minha avó me disse em criança que quem dormia de meias eram os mortos e inconscientemente sinto-me sempre desconfortável. Ainda não chega... hmm...

Tendo a Guerra Civil dos Estados Unidos, esta é uma história de amor e perda, de uma nação dividida mortalmente e as pessoas que a mudaram. É a história da bela e implacável... esquece... é a sinopse do "Gone With the Wind".

Voltando ao gelado, ontem estava naqueles dias em que me apetecia gelado depois de um chili vegetariano que fiquei sem perceber se pedi única e exclusivamente para auto-validar a qualidade da minha receita ou porque me apetecia chili, que já agoram não cabe na cabeça de ninguém servirem com arroz basmati. Depois do chili fui alegremente até à Rua da Prata para uma taça de gelado no Fragoletto, queria muito o Chai e Pistachio mas como a vida tem destas coisas a loja já estava fechada e teve que se decidir entre marcas de fabrico industrial, a Häagen-Dazs e a Farggi, que é carinhosamente apelidada de Giampy, mas como não é uma história minha, fica só o nome que eu acho adorável.

Como só tinha comido gelados na Farggi uma vez, nada como ir tirar a prova dos nove, o facto da Rua Augusta ser mesmo ao lado e me doerem os dedos dos pés não tem nada a ver com isso.

A Farggi tinha um ar estranhíssimo, parecia uma loja de uma estação de comboios com seis empregados e como eles não tinham embalagens isotérmicas ficou-se por lá. Uma coisa estranha (ou será que deveria dizer a primeira coisa estranha?!) foi o empregado de mesa ser o da esplanada, que tinha um protector chuva de plástico semi-transparente e que nunca o tirou, embora na próxima meia-hora nunca tenha saído e tinha um aspecto sinistro, ao olhar para ele assim de repente eu só pensava que era um assassino de um filme slasher, mas depois de observar melhor o seu ar exageradamente emagrecido pensei que tinha mais ar de zombie, a quem baptizei de Many Mãozinhas, o Many parecia querer não o meu cérebro (também não engordava muito coitadinho) mas sim a minha mesa, a quem alegremente entregou um menú em inglês mesmo depois de eu falar português com ele (este meu ar de americano não me larga) e deixou-me para escolher.

Fiquei-me por tartufo (sim eu sei que disse que não gostava de gelados de chocolate, mas este leva café) e praliné e noz pecã regado com caramelo, eu acho que se ao fazer o meu pedido ao Many se tivesse reduzido o sabor do meu gelado a uma palavra tinha tido mais sucesso, porque ele introduzia os códigos no seu POS enquanto consultava a cábula e rosnava às outras colegas que também queriam, mas depois voltou mais duas vezes para perguntar "Tartufo e...", ao que eu respondia "Praliné e noz pecã..." e depois lá voltava, passando-me a mão pelo ombro não de uma forma com alguma intenção menos elegante mas que pertence à classe de pessoas que fala connosco e que constantemente sente uma necessidade compulsiva de nos tocar.

O facto de ter passado uma altura da minha vida atrás de um balcão faz com que eu seja um pouco crítico à gestão de espaços comerciais, eram seis empregados, três atrás de um balcão que pareciam estar a jogar aos carrinhos de choque, um desaparecia e aparecia tipo Houdini e os dois restantes que serviam as duas mesas lutavam pela cábula dos códigos, cá entre nós se calhar (mas só se calhar) era mais fácil se houvessem duas e então não tinham que andar a tirar o livro das mãos um do outro de uma forma que a certo achei que iria dar em confronto físico.

O Many também era um pouco demasiado honesto para o seu próprio bem, quando foi pedido um waffle com gelado, insistiu que tinha que levar açúcar em pó e canela, não percebo a obsessão lusa de encher tudo com canela (será que é uma obsessão lusa considerando que é um franchise espanhol?) e que faria sentido se o waffle fosse simples, mas com uma bola de gelado em cima e regado com chocolate de leite derretido, convenhamos, a canela não está lá a fazer nada a não ser a confundir o palato.

Enquanto se argumentava com o Many para tirar a canela ele vira-se e diz "Ah, mas sem canela não sabe a nada!" (logo aqui fiquei extasiado, e eu que pensava que sabia a waffle) e lá acabou que vir com a canela e no final da noite, não estava mesmo a fazer lá nada. Acabei a noite a imaginar que o Many matava as suas vítimas e usava aquele protector para não se sujar com o sangue, mas isso se calhar foi o copo de fragolino que bebi antes de dormir.

A Giampy soube-me a pouco, não era mau, mas também não era algo que quisesse voltar lá no dia seguinte (ah, Crack Pie tenho tantas saudades tuas...) e acho que para a próxima vou-me ficar pela de nome falso pseudo-dinamarquês, que ainda sendo industrial nunca me desilude.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nem que nome tehei-de-eu pôr...


Deixei de fazer resoluções de ano novo porque raramente as cumpria e ficava sempre com aquele travo amargo do "Ah e tal, este era o ano em que <qualquer coisa> e ficou para trás." e passei a pelo menos tentar fazer algo diferente.

O ano de 2011 foi aquele em que comecei a tentar vencer a minha fobia de palco, volta e meia digo que sou tímido (seguindo-se de risos de quem estiver a ouvir) mas não deixa de ser verdade.

Impulsionado por dois amigos, juntei-me a um coro muito Glee mas sem a Gwyneth Paltrow a fazer cameos e os orçamentos milionários para números de três minutos, inicialmente era só para os maquilhar em palco mas depois de um apontamento muito subtil ao professor "Ah, mas ele passa o tempo todo a cantar!", ele perguntou-me: "Vamos cantar Zeca Afonso, conheces as músicas?" e eu "Sim, sim.", e aqui confesso que o "sim sim" era mais para um ou dois versos do Grândola e a Dulce Pontes aos berros a cantar "Os Índios da Meia-Praia".

Durante uma semana fiz uma lavagem cerebral e coloquei o Zeca no meu iPod no repeat para aprender as melodias, metade da semana julguei que era para decorar as letras, depois (graças aos deuses) disseram-me que íamos ter pautas e já andava o tempo todo a trautear Zeca no trabalho e a cantá-lo no chuveiro, confesso que nunca pensei que iria cantar Zeca Afonso no chuveiro mas aconteceu.

Este ano e porque o 25 de Abril já está mesmo ao virar da terça, vamos apresentar o Zeca outra vez e desta feita pediram-nos para escrever um texto para ser lido entre músicas, ultimamente tenho andado tão pouco inspirado (nota-se, pois não há brisa que sopre por estas bandas) que decidi passar a tocha a quem queira dizer alguma coisa de jeito.

Certamente que vou ouvir muito "Zeca é Liberdade", mas para mim Zeca simbolizou uma libertação da minha própria opressão que me impediu durante anos de fazer algo que me dava tanto gozo e o texto acaba por ficar aqui convosco.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Diz-me como te comentam...

Eu devo ser incrivelmente naif, sempre olhei para a blogaria (eu tinha chamado blogosfera no outro dia, não foi?) como um exercício de expressão, fosse escrita ou plástica, outros há que fazem dele um exercício de memória para colocar listas, receitas e afins, mas nunca jamais em tempo algum pensei nisto como um ground para engate.

Que alguém se conheça via comentários que mostram pontos de vista semelhantes (ou contraditórios mas provocadores) e que depois se transformam numa amizade, etc etc parecia-me mais do que normal, hoje em dia passamos o tempo agarrados a um mundo virtual cada vez mais limitados (ainda que muitos vezes seja uma auto-limitação) no nosso convívio social e por vezes acabamos por conversar mais com pessoas por trás dos ecrãs do que propriamente ao vivo e a cores, agora isto é uma series of (un)fortunate events que (seguindo a escola filosófica da tia Maria Alice em estar vivo é o contrário de estar morto) ou corre bem ou corre mal.

Assim sendo e com estes casos bem postos de parte, aparecem os engates nos blogs, todos eles uma emoção só, começa pelos nicknames com um extremo bom gosto como comiatemasagoranao, maisvaleporalgoinocuocomoosorrisoporqueassimnaominto, semisturaralgoemingleseportugueseumaemocao e outras coisas que tais que quando as vejo nos comentários de alguém até sinto os pelos da nuca a subir tipo spidey sense mas versão normal e aquilo é um chorrilho de baboseiras que nos dá vontade de chorar. E já agora, antes que alguma mente mais puritana se ponha a dizer "Ah e tal e troca o passo mas tu lês!", a estas grandes almas do pensamento contemporâneo eu relembro, está online... é público, se for realmente do foro privado, mantenham-no privado com algumas inovações tecnológicas como SMSs, emails mas não em comentários de blogues.

E aqui neste universo onde este que vos escreve (podia escrever aqui o menino, mas lá se ia um gatinho) pode perfeitamente ser uma lagartixa que sabe teclar, somos todos amigos. Elas e eles são todos lindas e lindos, amigos e amigas, enaltecem atributos físicos que nunca viram neste mar de sedução que, cá entre nós que ninguém nos lê, tem mais marés que marinheiros.

Se quando o cyber-engate começou podíamos estar a trocar tórridas mensagens com a septagenária do prédio ao lado, num blog eu acho que é ainda pior, olhem para os sabores por exemplo, daqui depreendem que eu gosto de cozinhar, gosto de bolos, gosto de estuque e gosto de ver televisão, não há muito mais para além disto, mas se eu quisesse poderia ser numa semana extremamente analítico e frio, noutra era intrépido e aventureiro, noutro um grande adepto dos desportos radicais e noutro um fanzaço de touradas.

E depois, neste marasmo de comentários são só expressões de ranger os dentes, como por exemplo "migo" (blhec), "linda" (suspeito sempre de quem nos chama lindo ou linda, o reforço parece-me forçado) e a imaginação (fértil, por sinal) que adjectiva uma série de informação binária de origem suspeita ou outras coisas dentro da mesma família que provocam diabetes ou então foram inspiração para a La Nausée de Sartre (a analogia foi tirada de um post da Singularidades de uma Ruiva que não tem muito a ver, mas que achei um mimo) e ficam-se os galhardetes.

E depois vamos aos blogs dos comentadores, post-atrás-de-post-atrás-de-post-atrás-de-post-atrás-de-post de má pornografia, que se bebessemos um shot da bebida mais fraquinha que tivéssemos em casa ficávamos bêbedos num instante, cheio de descrições supostamente tórridas que deveriam titilar a nossa líbidO
 mas que não passam de um gerador de textos que mais parece um exercício da escola primária em que se preenchem os espaços em branco com partes do corpo:

Olhei para ti e estavas ______________ no(a) ____________ toda __________ a _____________ e eu peguei no(a) ____________ e _____________ que tu _____________ avidamente, e depois com um sorriso maroto pegaste no(a) _____________ para ___________ no __________ enquanto eu ______________ de ______________.

Experimentem, dá p'ró menino e p'rá menina e para quem quiser (ia escrever apanhar, mas depois ia roçar na ordinarice) provar que é super arrojado a escrever textos eróticos no conforto do lar e protegido pelo anonimato que convenhamos aqui só protege a identidade de um(a) autor(a) de maus textos.

domingo, 8 de abril de 2012

Reencontros

Há amigos que infelizmente não vejo tantas vezes como queria, por questões geográficas, porque ainda não inventaram o teleporte mas o reencontro é sempre mágico.

A L. está por terras D. Juan Carlos I, e por isso tenho que esperar pelos Natais e Páscoas (ou o Verão) para aquele abraço.

O dia começou por ser caricato, eu tinha-me deitado às 3:30 da manhã depois de uma noite de cantoria (e uma tarde de passeata a bater chinelo por um mall) mas havia que honrar as dez da manhã combinadas, quer dizer... dez e quarenta porque a casa de banho estava concorrida e eu não saio de casa com aquele ar de morto (ou alérgico) que os deuses me deram.

Cheguei ao ponto um da nossa epopeia, com a primeira semi-anfitriã ainda de robe porque (disse ela) sabia que nos íamos todos atrasar, eu como não me faço rogado pedi logo um café para manter as engrenagens do cérebro lubrificadas e em movimento.

É difícil descrever os três juntos, quando chegou a L. estava eu a terminar o café e a enaltecer as propriedades pick me up do Lip & Cheek Crème da Becca (em Rosebud para referência, mas confesso que os quero todos) nas maçãs do rosto da P. enquanto o nosso pequeno querubim corria pela casa completamente viciado na nossa própria euforia.

O plano original era irmos até à linha e ver o mar, mas com os atrasos e um café combinado para o início da tarde acabámos por ser muito originais e ir almoçar ao mall mais perto onde cheguei mais uma vez à conclusão que estou a leste das séries de animação que as crianças gostam (em minha defesa, esta tinha dinossauros que são um ódio de estimação) e encolhi os ombros ao ver o querubim escolher uma com um ar muito entusiasmado.

O almoço foram saladas mas apetecia-me celebrar a ocasião e comprámos falafel e beringelas para acompanhar, eu adoro falafel, como como quem come pipocas e automaticamente viciei a L. e a P. neste snack do Médio Oriente, elas pediram a receita e por isso já lá vamos.

A tarde foi cheia de gargalhadas naquela que parecia uma reunião de bloggers anónimos e falámos de tudo e nada, pedi à C. do Coisas de Feltro para me fazer a mascote dos "Sabores", preciso só do material de referência para não a deixar ao sabor do vento (na minha cabeça este trocadilho tinha mais piada) e afugentámos praticamente a clientela toda daquela pastelaria onde um senhor de idade  deixou cair o pão levando a uma troca de:

C. - Deixou cair o pão!
Eu - E agora deu-lhe um pontapé!

Mas o senhor não se fez rogado, pegou no pão e observou-o, eu imaginei um diálogo muito à fim de filme:

Ele - Não é justo... agora que íamos ficar juntos para sempre...
Pão - Não, eu estou tão macio e não distingues o pó do chão da farinha que eles salpicaram por cima, imagina só o que podemos ter os dois, eu besuntadinho de magarina dietética com Omega 3 (olhó Castrol) e tu a recitares as falas do Lobo Mau no Capuchinho Vermelho, eu pergunto-te para que é essa dentadura tão grande e tu dizes-me que é para me comer melhor.

O tempo parou naquele momento, nós (voyeurs assumidíssimos) estávamos parados à espera do que ia acontecer e ele olhou em volta à procura de olhares reprovadores de alguma vizinha ou do senhor da pastelaria, piscou o olho ao pão (não piscou nada, eu é que estou a inventar, mas tinha piada se tivesse piscado) e meteu-o no saco e foi para casa sonhar com uma faca cheia de um creme vegetal a fingir que é manteiga. Afinal de contas, o nosso grupo tinha o seu papel a cumprir na ordem das coisas, se não tivéssemos corrido com a maioria dos clientes, o senhor tinha-se sentido inibido e deitado o pão fora.

A esta hora, se a L. não vai a caminho do outro lado da Península Ibérica pouca falta, eu mando-lhe um beijo enorme e deixo aqui a receita dos falafel, quando ela os fizer espero que se lembre de mim.

ta'amia or falafel 
in "Vegetarian dishes from the Middle East" by arto der haroutunian 

Ingredientes

  • 450g de grão-de-bico cozido
  • 90ml de água
  • 1 ovo ligeiramente batido
  • 1 c. chá de sal
  • 1/2 c. chá de pimenta preta
  • 1/2 c. chá curcuma
  • 2 c. sopa coentro fresco picado
  • 1/4 c. chá cominho em pó
  • 1/4 c. chá pimenta de caiena
  • 1 dente de alho picado
  • 1 c. sopa tahina ou azeite
  • 50g pão ralado
  • 50g farinha s/ fermento

Preparação

Picar o grão finamente, adicionar a água, ovo, sal e pimenta, curcuma, coentro picado, cominho, pimenta caiena, alho, tahina (ou azeite) e pão ralado. Com as mãos, combinar os ingredientes numa mistura macia mas firme. Formar pequenas bolas, achatar ligeiramente com a palma da mão e passar por farinha.

Aquecer o óleo a 185º, fritá-las durante 2-3 minutos até ficarem douradas e escorrer em papel absorvente. Servir quente.

Há Altura Para Chic-Lit

Eu e a autora do Stuffing My Brain with Books trocamos de títulos constantemente e por vezes vou lá bater e perguntar "Vizinha, ó vizinha, recomenda alguma coisa?", ela falou-me do "The Undomestic Goddess" da Sophie Kinsella, chic-lit pura e dura, da autora do "Confessions of a Shopaholic", essa pérola da literatura. Mas apetecia-me um no-brainer, no fantasy, not enough depth (if any) e algo para me distrair e que me fizesse rir.

Chic-lit é um género literário completamente visto de lado no mundo dos livros, relegado ao seu papel de livro de praia com o equivalente nutricional de um Snickers, mas eu cá gosto bastante de Snickers, por isso não me faz espécie nenhuma ler um destes de quando em vez.

"The Undomestic Goddess" narra as aventuras de Samantha, uma advogada de sucesso prestes a dar um enorme salto na sua carreira (com nenhuma vida pessoal ou quaisquer interesses) que comete um erro básico e é despedida. Depois de uma série de desventuras, encontra-se no campo e é contratada como governanta/empregada doméstica de um casal de novos ricos que é tão denso que acredita que ela é uma profissional do mais alto calibre.

Note-se que para mim, o propósito deste livro era pura e simplesmente algumas horas de entretenimento onde, de preferência, não houvessem (muitos) insultos à minha inteligência. A sensação do livro é que a Sophie Kinsella tinha um possível filme em mente, as cenas mais memoráveis parecem clichés de uma comédia romântica, em que o vilão é previsível porque nunca poderia ser, o interesse romântico é um jardineiro entrepeneur que (surpresa das surpresas) tem malapata com advogados.

Ela passa de pato Donald na cozinha à beira de um ataque de nervos para uma Martha Stewart num fim de semana, acompanhada de uma metáfora existencial sobre a vida e o processo de fermentação do pão.

Tudo é incrivelmente previsível e a etapa final do livro desenrola-se como se o mesmo tivesse que ser entregue ao editor o quanto antes e não podia deixar pontas soltas.

Mas toda esta rapidez , o jardineiro jeitoso passa de traumatizado a um trauma que era mais piada que outra coisa e apenas um promotor de uma longa tarde de sexo versus uma rapidinha (não se pode ter as duas coisas, pergunto eu?) no jardim.

A mãe dele é apenas uma fada madrinha do lar que a ensina a fazer tudo em tempo record, o que me leva a pensar que a autora não deve cozinhar grande coisa e eu também não lhe daria roupa minha para tratar.

A relação dela com a melhor amiga mal é explorada, os problemas dela com a mãe servem apenas de pano de fundo justificativo para o seu comportamento quase patológico e os patrões, dois novos ricos que poderiam ter sido tão interessantes mas que mantém-se como caricaturas mal construídas.

Em suma, só se vos apetecer muito um livrinho de praia para esboçarem uns sorrisos caso contrário, escolham outra coisa qualquer. Podem ler a opinião da S. aqui.

sexta-feira, 30 de março de 2012

A Cereja mais Doce na Pipoca do meu Bolo

Hoje, em amena cavaquerie cibernética com o ácido R., ele vira-se e pergunta-me "Conheces o blog a Pipoca Mais Doce? Sabes o nome da Pipoqueira que escreve?" e a partir daí foi a emoção.

Antes de mais, o belo do disclaimer da praxe que já cá faltava, não tenho nada contra o blog ou a autora, passei por lá quando a R. (se isto fosse a Rua Sésamo, este post era patrocinado pela letra R) me disse que adorava aquilo e que comia (ia escrever mamava, mas depois achei de mau tom) às colheres com maionese, mas não me puxou. Acho que fui lá parar pós boom da popularidade e era imenso product placement, que eu não teria nada contra se fossem produtos que eu gostasse, mas vernizes e Garnier Nutrisse... naaaaah.

Mas nada contra, segui em frente, acho que um blog para me enervar profundamente tem que ser algo mais visceral, se calhar tenho que gostar imenso dele primeiro para depois o detestar. Há ali várias coisas que me fazem um pedaço de espécie, a fotinha casual com o áutefite du jour, mas eu idolatro a mais icónica das fashionistas da ficção, a minha querida Carrie Bradshaw bate-as um pedaço aos pontos, em parte porque não existe, noutra porque pobrete mas alegrete, ela come saltines com geleia de uva e lê a Vogue, tem os cartões de crédito estourados mas sapatos lindos.

E depois há as férias num sítio exótico com as belas das fotos que me causam imensa confusão, quando lia no outro dia um texto da Miss Murder, ela escrevia que as pessoas não são aquilo que escrevem nos blogues, sim claro que não somos o que escrevemos 24/7 ou se calhar não escrevemos o que somos 24/7. Querem mesmo saber que eu hoje acordei com a garganta arranhada, cheio de nhanha (o nome clínico claro está), a desesperar por uma taça de café, a engolir o anti-histamínico sem beber água, com o cabelo completamente no ar e a enfiar uma dose dupla de Bobbi Brown Corrector debaixo dos olhos e depois benzer-me com uma pincelada de Deep Throat para tirar o ar de quem morreu há três e ninguém lhe disse nada? Claro que não, isto não interessa a ninguém. E em relação a fotos da vida pessoal, epá, agradeço como se aceitasse, essa relação simbiótica de um exibicionista com voyeurs (ainda que tenho dúvidas se os voyeurs o sejam se estão a ver um exibicionista) é um bocado descompensada, prefiro ler o que passa pela cabeça do autor do que propriamente ver meia dúzia de fotos que só interessam ao dito e à mãezinha.

Curiosamente os posts dela que achei mais giros tinham apenas texto, outros fizeram-me revirar os olhos e pensar que realmente fazer uma makeover a uma gaja bem gira em que basicamente é pintar-lhe o cabelo no mesmo tom mas mais intenso, maquilhá-lha e trocar a roupa em que vá achamos que é a mesma pessoa mas mais arranjadita, onde está o desafio, é que se fosse a Susan Boyle transformada numa gaja boa (aqui uso o termo gaja boa por questões nada sexistas mas sim porque é a única expressão que lhe dá o ênfase devido), eu ainda pensava "Woa", mas nem por isso...

Podia ser pior, podia ser daqueles autores que "gomitam" páginas e páginas de peixeiradas de "sou, faço, aconteço", "eu sou mais eu", "I don't think you're ready for this jelly" (espera, este é de uma música das Destiny's Child, tenho que apagar) ou "eu se fosse mais eu, as minhas frases vinham em t-shirts" mas esses, esses merecem um post só p'ra eles, tenho que ir buscar o mote "Os meus cromos" porque me fiquei no guru do engate e o mundo merece mais e pior.

Ah, e FYI, depois disto tudo ele continua fascinadíssimo com ela e eu? Eu vou ali meter no leitor de DVDs um disco com o "Sex and the City", tenho saudades do meu eu neurótico que usa Manolo Blahniks.


Os Sete Pecados Mortais da Beleza - Gula

Se há um pecado que poderia usar numa t-shirt seria a Gula, está coladinho a mim como o bronzer na Alexandre Lencastre nos dias que correm, por isso compreendo que a Branca de Neve seja a lambona de eleição. Se tivesse ficado com a boquinha fechada nunca teria ficado à espera do senhor encantado.

Estive para trás e para a frente a pensar na resposta à questão:

- Quais os teus produtos de beleza mais deliciosos?

A minha primeira opção foi algo para os lábios como os Juicy Tubes da Lancôme, acho que nunca dissertei sobre a minha obsessão com glosses mas depois fiquei com aquela sensação de "mas sabe-me a pouco" e lembrei-me da colecção de aromas da Laura Mercier.

Embora o meu perfume de eleição seja Dior (mantenho-o envolto em semi-mistério para depois o ordenhar num post futuro), lembro-me que uma grande amiga minha, a T. (que de momento está por terras do Big Ben) cheirava sempre a baunilha e o perfume tinha tudo a ver com ela, fazia parte da sua mística e da sensualidade que a caracteriza. Para mim era demasiado intenso e nunca me imaginaria a usá-lo, mas invariavelmente paguei pela língua (que também me caracteriza) e anos mais tarde apaixonei-me por tudo o que são aromas abaunilhados, talvez porque as garrafas de extracto de baunilha cá por casa desaparecem à velocidade da luz, ao ponto de ponderar encomendar vagens de baunilha por atacado e fazer o meu próprio extracto.

Sim, adoro bolos com várias camadas e coisas complexas, mas uma das minhas sobremesas preferidas é crème brulée, todos os pormenores são deliciosos, especialmente a capa de açúcar queimado, a Eau Gourmande da Laura Mercier em Crème Brulée transporta todos os elementos deste clássico dos doces franceses para a pele.

Como bónus, nesta colecção há também uma fragrância de pistachio e tarte de limão que são o meu fruto seco preferido e a minha tarte de eleição.

É de lamentar que esta marca ainda não tenha chegado a terras lusas, a filosofia de Laura de uma pele perfeita para a tela da maquilhagem e um dos melhores hidratantes com cor desde sempre, mas isso fica para outro post. E já agora, para a semana há a Preguiça, que também me assola constantemente.

terça-feira, 27 de março de 2012

Quando nem tudo é o que parece

No Sábado, depois da cantoria e tralalá, uma má língua perguntou-me "Mas tu só falas de comida?" e eu disse "Não, não... vou falando do que me apetece.", e portanto hoje são tachos às terças e vamos falar de comida.

Ainda que tenha levado no pacote para as minhas criações boleiras iniciais (hmm, aquele início de frase soa mal, depois mudo) agora se há coisa que me faz ranger os dentes é ficar entusiasmado com um título de uma receita e catrapum, "use um mix de pacote de", geralmente eu fecho aquela tab do meu browser, suspiro, vou beber mais um café com leite e lanço-me à procura de outra coisa qualquer.

Mas há coisas que nos ficam atravessadas e com o aniversário de papai a chegar a passos largos eu queria algo verdadeiramente festivo que não fosse um bolo, não por qualquer tipo de inaptidão boleira mas porque quero fazê-los à la Signorina Tosi e preciso de formas que não tenho e folhas de acetato, sim... leram bem, folhas de acetato.

Eu babo-me sempre que vejo fotos de trifles, não só acho aquilo deliciosamente decadente (ele é bolo, ele é creme, ele é mais creme, ele é espetado no frigorífico, ele é come numa tacinha para parecer bem) e imagino a fusão do bolo e do creme e tudo e tudo e tudo na minha boca (não, não vamos passar para uma dissertação sensorial quasi-erótica porque não tenho jeitinho nenhum, é mesmo gula) e eis que me deparo com uma trifle feita com brownies.

Os brownies estão no meu repertório desde que comprei o "How to Become a Domestic Goddess" da Nigella Lawson e usei fielmente aquela receita até me deparar com a que uso hoje (repararam aqui na forma subtil em que eu mencionei a primeira, mas não menciono a actua? Pois, foi de propósito) que faz as delícios de chocólatras por todo o mundo e não tem nozes nem nada de relativamente saudável... hmm, espera tem chocolate e o chocolate é rico em antioxidantes, sim eu acho que sim esta coisa dos antioxidantes convence.

Ora estava eu naquele que estava a ser um enorme processo de activação das glândulas salivares, são glãndulas verdade? É que não me apetece ir à wikipédia, quando cliquei no site para ver a receita e começar a tirar apontamentos fiquei estupefacto com a quantidade de pacotes que levava aquela receita, um pacote de mix de brownies, um pacote de pudim de chocolate, um pacote de caramelo líquido...

Fiquei destroçado, na foto era tudo tão bonito e cremoso, cheguei a ouvir coros angelicais e... era tudo de pacote.

Acho que foi a primeira vez que me senti tão frustrado, tão frustrado que pensei, se a pessoa que montou (passo expressão) a trifle fez tudo de pacote, então o que é que me impede de usar as receitas individuais nas minhas versões e montá-la à minha maneira (hmm, preciso de um dicionário de sinónimos) com tudo feito de raiz?

Nada, a dos brownies já cá canta, o pudim também fui alegremente buscá-lo a uma fonte segura e também tenho uma deliciosa versão de caramelo com fleur de sel para encharcar os meus brownies e tornar isto (ainda) mais pecaminoso. Só me está chatear aqui o creme chantilly que não estou a morrer de amores e acho que vou fazer um creme com marshmallows, manteiga de amendoim e amendoins picados em substituição para usar, criando assim uma trifle que conjuga três amores, brownies, manteiga de amendoim e caramelo (olá Snickers!) e servi-lo nos cumpleaños de papai.

Mas como não quero que vos falte nada deixo aqui a foto da praxe e o link para a receita (e aqui uso o termo com alguma liberdade, porque o que me apetecia era escrever "o pacote") para quem sabe inspirar alguns de vocês.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Os Sete Pecados Mortais da Beleza - Ira



Esta semana fomos inspirados pela Ira, não deixa de ser irónico pois tem sido uma semana em que controlar o meu humor tem sido complicado.

Jasmine, interpretada pelo artista digital chill07, foi provavelmente escolhida porque de todas as princesas talvez ela passe o tempo todo a explodir seja com o pai, Jaffar ou Aladdin e a pergunta é:

- Que produtos de beleza é que tens uma relação de amor/ódio?

O primeiro tem que ser o Touche Éclat da Yves Saint-Laurent, talvez um dos produtos cheio de hype com anos e anos de existência e um culto de fãs tão grande que uma das frases publicitárias é "A cada dez segundos, uma mulher encontra a luz.".

Inicialmente, o Touche Éclat era um corrector de olheiras, no entanto com o passar do tempo, os tons foram alterados e passou a ser um iluminador. O meu problema com a caneta dourada é uma questão de textura, não é nada hidratante e a pigmentação é muita ligeira, por isso para alguém que parece que não dorme há um ano como eu, não é um produto que possa ser usado sozinho. Dito isto, eu adoro a marca, adoro o design da caneta e a funcionalidade, canetas com clique e pincel há trocentas mas estas funcionam sempre. É um daqueles produtos que eu compro, uso, depois irrito-me mas invariavelmente anda sempre na minha mala algures.

Em segundo lugar está o bronzer, quando somos pálidos, usar um bronzer é uma incógnita, os tons são demasiado escuros, demasiado cor de laranja e numa pele clara, menos é sem dúvida mais. Eu gosto de ser pálido (não é de admirar que eu estive dez anos longe da praia) mas há alturas em que devemos sair da nossa zona de conforto e usar um produto que não seja o nosso habitual. Depois de uma procura longa eu decidi testar o hype do bronzer da NARS em Laguna que me surpreendeu pela positiva, ainda que eu não o use todos os dias.

- Que produto de beleza é que foi mais difícil de obter?

Em 2011, a MAC lançou uma colecção inspirada na super-heroína mais incrível de todos os tempos, a Wonder Woman. Embora a colecção tenha chegado a terras lusas, o espelho era um exclusivo online e eu andei a bater à porta das capelinhas todas e acabei por receber o espelho como presente de aniversário, não é propriamente prático mas tem um significado especial e é um dos meus tesouros.


Para a semana temos um dos meus pecados preferidos, a Gula.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Jerseylicious, a vida com óculos cor-de-laranja

Já não me lembro quando é que vi Jersey Shore pela primeira vez, mas lembro-me perfeitamente que foi quando um amigo meu me disse "(...)é como ver um acidente de comboio, é horrível, é trágico, mas ficamos mesmerizado e não conseguimos parar de ver." e eu não consegui resistir, arranjei a primeira série rapidamente e volta e meia vou revisitá-los, tipo junk food que sabemos que não devemos, que só nos faz mal, que o conteúdo nutricional é pavoroso mas naquele momento sabe tão bem.

Embora eu seja um arauto de maus programas de televisão, este eu vou ter que dar a mau à palmatória e fazer a devida vénia à Ana que me disse "Tens que ver, tens que ver." e eu porque sou bem comportadinho fui ver.

Jerseylicious é uma espécie de "Tabitha's Salon Makeover" meets "Jersey Shore", todas elas são absolutamente maravilhosas, é verdade que uma série destas alimenta os estereótipos de guidettes e afins não é propriamente positivo mas mais verdade ainda é que estes docu-dramas pouco ou nada têm de muito verdadeiro, é tudo incrivelmente rebuscado mas cujo o único objectivo é entreter-nos.

Poderíamos ponderar por um segundo que ver este tipo de programas é um insulto à inteligência do espectador ou podíamos fazer um chocolate quente, desligar os telefones, vestirmos roupa confortável e fazer dela o nosso prazer secreto que nem partilhamos com os nossos melhores amigos e cá estou eu de pijama e roupão a ouvir "Do ya know what I mean?" com o som super anasalado.

Todas elas são absolutamente cor-de-laranja com quilos e quilos de MAC bronzer e Mineralize Skinfinish em doses tóxicas, provavelmente vão morrer intoxicadas em sílica, talco e dióxido de titânio.

As minhas preferidas são a Olivia que parece a irmã mais nova da Snooki, a Tracy que é a sua arqui-inimiga (também ela uma parente da Snooki mas loira, com hooker boots azuis pelo joelho) e todo o drama que as rodeia entretém-nos horas a fio.

Não há o nível elaborado de badalhoquice de Jersey Shore, mas há drama para dar e vender, tipo esquilos, elas armazenam drama para que nunca falte.

Vejam um ou dois episódios e não se preocupem, eu não conto a ninguém.

terça-feira, 20 de março de 2012

Se quiseres alguma coisa, compra feito!

Adoro um bom livriche de cozinha de uma celebridade e quanto menos estiver ligada aos tachos melhor, a Gwyneth lançou dois (mas eu só lhe roubei os hamburgers de feijão preto) e portanto está em lista de espera e continuo cheio de curiosidade com o livro da mana da Sandra Bullock (que aparentemente é mais bolos) mas desta feita veio parar-me às mãos o livro da tia Oprah (a sério, a Oprah cozinha? Naaah, compra feito) que é uma colecção de receitas da "O" magazine (esta mulher é tão egocêntrica que só podia ser Aquário como eu) que não só são uma série de criações (ou vira-o-disco porque bolonhesa e carbonara não são propriamente criações culinárias dos chefs da Oprah) que sairam na revista e que estão agora compilados em livro.

É um livro bem editado, com fotografias lindíssimas comme il faut mas não mudou a minha vida como o "How to Become a Domestic Goddess" da Nigella Lawson (que está ainda vergonhosamente por editar em português) ou o "Feast" da mesma autora ao qual recorro quando quero receber alguém com comida saborosa que nunca falha e portanto se me tivesse passado ao lado nunca daria por falta dele. Acho que o meu problema com este livro é a falta de ponto de vista do autor. São tantos chefs, tantas colaborações que não passa de uma compilação, por muitos artigos sobre visitas e afins que o livro tenha não deixa de ter sempre uma aura forçada ao seu redor e as receitas não são nada memoráveis.

Além de personalidade falta-lhes ainda um fio condutor, uma temática que nos faça ir buscar o livro e honestamente, tirando o facto de estar em inglês, algumas das receitas são profundamente banais e parecem saídas de uma teleculinária qualquer.

Não é um livro que eu aconselhe a comprar a não ser que sejam fãs da Oprah (eu não percebo, mas eles andem aí) ou queiram um livro de cozinha bonitinho e bom fotografado mas que não tem nada de inovador ou transcendente.

Tirei quatro que quero experimentar e partilho duas convosco (ando um mãos largas é o que é) que têm como foco a minha fruta preferida: a manga que amo profundamente e são ambos vegetarianos (quer dizer, duh se é algo que eu vou fazer) que é mais uma prova que os vegetarianos comem algo mais do que saladuxas, embora uma das receitas seja um cocktail e por isso não conta propriamente.

Couscous de Manga
Chef Marcus Samuelsson

Ingredientes
  • 1 chávena de couscous
  • 2 c. sopa azeite
  • 1 dente alho picado
  • 1 manga , descascada, sem caroço e em pequenos cubos, cerca de 1 chávena
  • 1 pimento jalapeño, sem fibras ou sementes picado
  • 1/2 chávena passas sultanas
  • 1 tomate  maduro, em pedaços
  • Sumo de 1 lima (cerca de 2 c. de sopa)
  • 1/4 chávena coentros, picados
  • 1/4 chávena salsa, picada
  • 1/2 c. chá sal, ou mais a gosto

Preparação

Preparar o couscous de acordo com as instruções da embalagem. Separá-lo com um garfo e reservar.

Aquecer uma colher de sopa de azeite numa panela larga (um wok também serviria concerteza ) em lume forte. Adicionar o alho, a manga e o jalapeño, saltear até que a manga comece a ganhar cor, cerca de um minuto.

Misturar o restante azeite, couscous, passas, tomate, sumo de lima, coentros e salta e mexer de forma a uniformizar a temperatura pelos ingredientes. Servir quente ou à temperatura ambiente.


Cockail de Manga
Chef Colin Cowie

Ingredientes

  • 3/4 chávena vodka (o Chef sugere Grey Goose)
  • 1/3 chávena Cointreau
  • 2 chávenas polpa manga
  • 1/4 chávena sumo lima
  • Fatias de manga para decorar
Preparação
Num jarro grande, combinar os ingredientes e refrigerar até ficar bem fresco. Servir em copos de cocktail adornados de fatias finas de manga.

 Esperemos que a minha próxima incursão na tacharia dê mais frutos, mas duas receitas sem comprar o livro já não é nada mau.