quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

De Mãe para Filha

Colin Pantall

Sabem qual era a série que eu adorava? Gilmore Girls, gostava tanto que digo que quando tiver uma filha lhe chamo Lorelai! Infelizmente nem sempre as relações são assim tão cúmplices ou são assim tão qualquer coisa.

Ontem era dia de festejar, na realidade ia curiosíssimo ao Dafundo porque aparentemente o melhor que o Dafundo tinha para oferecer era fondue, digo era porque o Novo Altair aparentemente fechou por isso nem isso, caros leitores que residam no Dafundo queiram comentar com seja o que for que a vossa terra tem para dar ao mundo!

Acabámos num italiano em Algés onde eu finalmente experimenta la mozzarella in carrozza, que é como quem diz uma rabanada salgada com mozzarella lá dentro. Convenhamos que se é frito e tem queijo então é meio caminho andado para eu gostar muito. Gostei mais ou menos (lá está, meio caminho) porque o queijo a meio estava frio e aparentemente não é assim que fica. Cheira-se-me que o pretendido é que seja eu a fazer, que descobri no mundo mágico das relações somos nós, mas culinariamente o nós = eu com algumas excepções.

Atrás de nós estava uma mãe com a sua filhota de sete ou oito anos, a mãe com pretensão social a tiazorra cujo eventual deslize comprovava que apenas tinha algum dinheiro e muita faltinha de chá. Em primeiro lugar passou a noite toda a fumar, mesmo quando havia comida na mesa, mesmo com a filha sentada à frente e isto meus caros vem de um ex-fumador, criado por fumadores, há limites.

O que mais me chocou, no meio da história toda (quer dizer, tirando o facto de que o meu queijo estava frio) foi o facto de que durante todo o jantar enquanto ela fumava e comia passou o tempo todo a falar ao telemóvel numa grande conversa da treta onde descobri que uma amiga dela, de nome &%$#"#$ anda com um homem casado mas como ele lhe vai pagando umas coisas até vale a pena manter, que o marido está fora, fala com a mulher ao telefone mas não pede para falar com a filha, liga para a amiga que atende o telefone alegremente e as duas discutem o trânsito e o tempo e a miúda lá estava com um ar de que aquilo era perfeitamente habitual, não percebi, se era para  levar a miúda a comer uma pizza (que era decente, vá) então que ficasse em casa e pedisse uma pizza para entrega assimcumássim a criança ainda tinha com que se entreter e não só isso como o volume da conversa era incómodo porque ouvíamos tudo, graças aos deuses que eu sou multi-task e meti a frequência da senhora no mesmo alinhamento auricular que as versões de flautas de pã do "Fly Me to the Moon" que se ouvem nos elevadores. Quer dizer, excepto quando ela discutia com a amiga as vantagens de uma relação extra-conjugal em frente à filha que foi a crème de la crème, soube-me melhor do que uma tentativa arraçada de tiramisu que me serviram a seguir. Se olharmos pelo prisma positivo, quando a filha se meter com um homem casado, ao menos um que lhe pague jantares e fins de semana em hotéis.

2 comentários:

  1. As coisas que te acontecem. Acho que contigo os lugares públicos nunca são monótonos. Tu, até consegues distrair-te na fila da loja do cidadão.

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    1. E hoje tens eu na gasolineira... tipo os livros da Anita.

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